29 janeiro, 2010

homenagem


Uma pequena homenagem ao 'escritor solitário' J.D. Salinger, falecido no passado dia 27 deste mês, com 91 anos e uma enorme vida levada de isolamento e solidão. Inspiração para músicos, cineastas e homicídas. Vale a pena ler a biografia.


http://en.wikipedia.org/wiki/J._D._Salinger

R.I.P.

28 janeiro, 2010

des(real)


Apetece-me gritar e não consigo, apetece-me chorar e não consigo, apetece-me amar e não consigo, apetece-me olhar o mundo e não consigo, os pensamentos negativos quando invadem a mente puxam todas as forças e nada deixam, não sentem remorso nem arrependimento, como um dia me disseram, 'Jóni, sabes o que é um pensamento?', eu respondi que não sabia, e disseram-me que era a comunicação entre dois neurotransmissores, pelo que me senti levemente aliviado porque é sinal de que os meus funcionam, que os tenho e muitos. As sensações de desrealização são mais acentuadas se lhes dermos o seu valor (que não o têm), que é o meu caso relativamente ao meu estado de ansiedade, se não sabem do que se trata pesquisem. É horrível para mim porque sempre tive medo de fugir à sobriedade e perder a consciência, sempre gostei de ser e sou demasiado consciente, mas aqui fica um conselho, nunca sejas demasiado consciente, faz-te pensar demais e isso não é bom, age sem pensar quando e como achares que não te vais magoar nem aos que te rodeiam. Sem perigo, viver é fácil.


Saudações amigas do amigo Jóni.


27 janeiro, 2010

no fundo


O sol nasceu, o despertador tocou e acordei. Voltei a adormecer e voltei a acordar sobresaltado, sem vontade de estar na cama e sem vontade de me levantar. Levantei o tronco, contei até dez e saltei fora do ninho. Um mergulho na piscina? Talvez, apesar de fria, preciso acordar de novo para a vida, mp3, Death cab for cutie para a cabeça (sei que parece um bocadinho EMO mas não me tomem por isso), o sol apertou as minhas pálpebras de tal modo que mal conseguia ver, calor, roupa fora, piscina, mergulho os pés, está fria, dói nos ossos mas sabe bem, mergulho a cabeça, vou até ao fundo e reparo como tudo é sereno e calmo, apetece ficar alí, imune a sons, imagem clara do sol reflectida na água, sem pensamentos, onde podemos gritar sem ninguém ouvir, libertar toda a raiva e vir à tona, respirar... No fundo, por vezes sabe bem estar no fundo.


26 janeiro, 2010

miss you friend


Saudades daquele tempo mano em que apanhavas grandes mocas e eu ficava fodido porque depois não lavavas a loiça e tinha que te endireitar as costas porque dizias que ias ficar corcunda. Saudades de quando comemos camarões com o mano Vicente no jardim da tua primeira casa e levamos com os jactos de água quando regaram a relva. Saudades de jogar ao apertar o botão para responder as perguntas sobre o exame do dia seguinte. Saudades de quando acordavamos e dizias 'Tenho a garganta toda sequinha'. Saudades de quando ouviamos metal e faziamos de banda, trancados no quarto. Saudades de quando ouviamos electro e faziamos concursos de quem conseguia aguentar mais tempo a dançar. Saudades de irmos para a Guarda depois de arranjarmos um estágio por milagre. Saudades de dormirmos lado a lado e partilharmos dias, meses e anos da nossa vida. Saudades de fazermos mosh no quarto a ouvir tara perdida. Saudades de te ouvir dizer que não tinhas palavras mas tinhas 100 pensamentos e de te ver levantar pesos logo pela manhã, de cuecas na varanda. Saudades de quando jogavamos aquela cena dos quadradinhos nas aulas no Pedro Morais e das nossas noitadas de PES e a cantar José Cid, cheios de alergia dos bichos da madeira que andavam no quarto. Saudades tuas mano e da nossa vida partilhada.


Espero que leias isto e ouças a música do vídeo em baixo, diz tudo sobre amizade.


19 janeiro, 2010

reflexo

Podia começar este texto com a frase 'As palavras custam a sair, não digo o que estou a sentir', mas como o mundinho em que vivemos já é tão feito de cópias, clones e palavras simplesmente homologadas como peças em série de fábrica, começo por dizer que já não sei o que é um reflexo, sei que parece um dos muitos pensamentos existenciais que me atormentavam mas nada tem a ver. Escrevo este texto porque tenho saudades do reflexo da vida, aquele reflexo que existe numa poça de água na estrada ou num rio, não o reflexo do espelho. Esse rapaz tomou a própria natureza por medo e nunca mais a tentou experimentar, ainda agora não percebe porquê, mas continua a tentar perceber. Quando a luta dura tempo, as forças esgotam, mas segundo tudo e todos, o perfeito ser humano tem forças intermináveis, pelo que ele se limita a responder, 'olha o teu reflexo no rio, no dia em que estiver completamente parado e conseguires ver a tua imagem lúcida ,limpa e pura, aí sim, podes dizer, serei eu mesmo?', porque enquanto, a corrente continuar, a vida continuar a dar força à natureza para, por si, dar força ao rio para continuar a correr, um reflexo não pode ser interpretado, disse ele... virou costas e continuou caminho.

16 janeiro, 2010

...

Ana... Quando voltares a passar por este pedacinho do meu mundo. Manda email.
E sempre que precisares de um cházinho depois de uma baguete de delícias das amarelas estou aqui...

Um beijinho.

Desculpa mas não tenho outra maneira de comunicar contigo.

Fico à espera.

manias

Regras simples, cada bloguista participante tem de enunciar 5 manias suas, hábitos muito pessoais que os diferenciem do comum dos mortais. E além de dar ao público conhecimento dessas particularidades, tem de escolher 5 outros bloguistas para entrarem, igualmente, no jogo, não se esquecendo de deixar nos respectivos blogues aviso do "recrutamento". [Cada participante deve reproduzir este "regulamento" no seu blogue].

Recebido da minha porquinha Sofia, cá vai...

Tenho a mania de fechar os armários todos do quarto e gavetas quando vou para a cama.
Tenho a mania de estalar os joelhos com uma flexão de pernas sempre que acordo ou vou dormir.
Tenho a mania de pensar demasiado (acho que dá para reparar nisso ah ah ah).
Tenho a mania de chegar a casa tarde e ir ao quarto dos meus pais dizer que cheguei, mesmo por muito bêbedo que esteja.
Tenho a mania de dormir com barulho, o minimo que seja, especialmente se for o barulho repetitivo do meu termoventilador ou ventoinha no Verão.


Passo esta corrente ao Fiffas (divagos ciclónicos), Milton Barreiro (Magnata), Sara (extremamente dormente), Tiago (tratamento xoque) e ao Tino (abre-pestanas).

saudações

07 janeiro, 2010

ao espelho


Há qualquer coisa de profundamente irresistível nos homens que nunca deixam de ter ar de rapazes que jogam à bola e vão a pé para o liceu. O olhar aceso de quem acabou de gamar doces de despensa, o andar errático, os cabelos sempre despenteados, as mãos claras direitas e sem marcas do tempo. O riso tímido, como se fosse a primeira vez, o mexer no brinco da orelha quando se está sem jeito. São meninos para sempre.
Tu és assim, esse rapaz que apesar de todas as marcas que foste herdando dos dias; a infância guardada numa caixa debaixo da cama; a adolescência de copos e drogas leves; o teu amigo, esse que te roubou, aí num verão, a miúda de quem gostavas; a primeira vez que andaste a pancada; a vontade de sair de casa e abraçar o mundo e depois a solidão repartida entre as mulheres que desejaste e nunca tivestes e as que te incendiavam o corpo e te deixavam o coração em pedra, porque nunca as amas-te realmente.
Hoje cresceste, começaste a trabalhar a usar fato e gravata quando é preciso. Hoje, todas as manhãs, ao espelho perguntas à tua imagem quem és tu, afinal. Vives numa cidade que não é tua nem de ninguém, numa casa pequena demais para os teus sonhos que se dissolvem no vapor do duche, da mesma forma que possivelmente já perdeste o teu grande amor porque não soubeste amar da forma correcta. O que tu não sabes é que do outro lado do espelho eu te vigio, como se fosses meu passado, e te protejo como se fosses o meu presente, e te desejo como se pudesse ser o teu futuro. Mas ainda é cedo e é tempo de guardar no silêncio estes sonhos. E esperar que um dia sejas quem sempre sonhaste, e para que te vejas ao espelho como eu já te vejo. Como és.

por: (anónimo)