Normalmente…é sempre assim… é a fraqueza do homem que o torna sociável, são as nossas misérias comuns que levam os nossos corações a interessar-se pela humanidade… Todos os afectos são indícios de insuficiência: se cada um de nós não tivesse necessidade dos outros, nunca pensaria em unir-se a eles. Assim, da nossa própria enfermidade, nasce a nossa frágil felicidade. Só Deus goza de uma felicidade absoluta, mas qual de nós faz uma ideia do que isso seja? Se algum ser imperfeito se satisfizesse consigo mesmo, tal como Deus, de que desfrutaria ele, na nossa opinião? Estaria só, seria miserável. Ser-se feliz assenta em gostar, e sentir que somos queridos para alguém, importantes, especiais. Não posso acreditar que aquele que não precisa de nada possa amar alguma coisa: não acredito que aquele que não ama nada se possa sentir feliz. A vida é feita de altos e baixos, obstáculos, metas, objectivos a alcançar…e só com a base de nos sentirmos especiais, importantes e queridos para alguém conseguimos ultrapassar tudo o que, nem que por breves instantes, ou até mesmo dias, ou até mesmo meses, nos queira pôr abaixo… nos queira derrubar. Todos nós já nos sentimos mal, sem vida, sem razão por que continuar, como se diz por aí, sem ponta por onde se lhe pegue! Mas porquê? Porquê sentirmo-nos assim se temos uma vida imensa e tanto por descobrir? Porquê, se tudo o que nos rodeia é tão lindo e tudo o que Deus fez funciona? Porquê, se ao pararmos para pensar e estivermos uns minutos a olhar pela varanda (sim, mais uma vez da varanda), vemos que existe vida, que o mundo não pára e que todos os segundos da nossa existência são mais que preciosos para os desperdiçarmos com coisas que, ao fim ao cabo, nos diminuem a alma? A causa para a infelicidade será o facto de as pessoas sempre julgarem o passado melhor do que foi, o presente pior do que é, e o futuro melhor do que será? Penso que não… Estará o segredo em compreendermos a felicidade como uma recompensa e não como um fim? Talvez… O maior problema, o único que nos deve preocupar, e o único que merece a nossa maior dedicação, é o de vivermos felizes? Sem dúvida... Até porque, “não existe um caminho para a felicidade, ela própria é o caminho...e ela não está no fim da jornada, mas sim em cada curva desse caminho que percorremos para a encontrar.”
Sara Costa