17 agosto, 2009

CB

Um olhar focou-me nos olhos enquanto a musica electrónica pairava no ar, eu, entre tijolo fundido com cimento e afins, enjaulado num semi-cilindro, senti-me cativado, desde aí que me prendeste, prendi-te também na minha retina, uma rápida evolução levou a tua imagem ao meu encéfalo onde a mutação deu inicio, rumo ao coração. Tempos depois, sem uma única noticia, apenas 'olá, como estás', deste-me a mão, ou melhor, aceitas-te a mão por mim oferecida, olhaste para trás e disses-te em silêncio 'gosto de ti', fiquei mais uma vez enclausurado, agora sim, tinha a certeza do que estava para vir, mimos, tiques, fui captando todos os teus gostos, fui captando tudo o que te podia fazer sorrir apenas para te ver fazê-lo. Tempo passou, o Mundo mudou, surgiu, e de novo o meu coração bateu, os meus olhos luziram ao ver-te aparecer. Tudo continuou no incerto, tudo batia certo, seria dizer-te a verdade que me levaria à felicidade? Levou, aconteceu, algures entre quatro paredes finas tudo se julgou, muito transpareceu, alí, a felicidade eras tu e eu. O toque profundo 'sur tes levres' que depois me inundou a alma, o meu coração batia cada vez mais forte, como se quisesse ele saltar de mim para as tuas mãos, saltou, e ficou, ainda o tens, até que a tempestade chegou, o vento, sim o vento, porque ainda hoje aqui deitado, não percebo o porque de teres ido sem dar aviso, entre hálitos a café recém tomado, um suspiro seguido de um olhar me disseram, 'já não gosto de ti'. A partir desse momento, interiorizei o olhar, sim, aquele olhar do qual me apercebi que já nada sentias alí, a partir desse momento...morri.