20 maio, 2010

os demais

Nove noites num quarto de quatro por dois numas águas-furtadas, com um colchão no chão, lençóis, cobertor, chão em madeira, ripas de madeira perfuradas, paredes com portas de acesso a catacumbas, bicharada passa por lá a toda a hora, mas, é possível descansar, é também possível pensar em como será a vida dos demais, que têm um quarto de hectares, que ao invés de colchão têm caixote, que ao invés de cobertores têm plásticos, que ao invés de electricidade têm a luz do dia quando amanhece e que quando se queixam de que a vida não presta têm realmente razão. Prestamos tanta atenção só ao nosso umbigo e a coisas mínimas (como neste caso, passar pouco tempo num espaço miserável) e os demais? Que nem uma vela têm para esquentar as mãos, ou um simples telhado para se cobrirem da chuva. 
Coisas mínimas, materialismo é doença, lembre-se, quando precisar de 'algo mais' para se sentir bem, há alguém que precisa apenas de 'algo' para sobreviver.

16 Maio 2010